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Publication: 11 January 2013
Author: Nuno Bernardo
Note: 86/100

Na década que deu entrada a este milénio, surgiu da Polónia uma nova e grande promessa da cena progressiva (tanto de metal, como de rock). Com uma evolução de distintas texturas e pesos, os Riverside chegam a 2013 para editar o seu quinto álbum de estúdio, intitulado “Shrine Of New Generation Slaves”. Se em 2003, na edição do seu primeiro “Out Of Myself”, a banda revelava uma veia mais negra e «metaleira», com o passar do tempo foram-se abraçando a correntes que cruzam e juntam nomes como Porcupine Tree, Opeth ou até Tool. Como tal, a qualidade técnica cresceu consoante a complexidade da composição de trabalho para trabalho. Portanto, neste ponto, é fácil assumir que se trata um álbum muito maduro mesmo.

Não apenas maduro, mas também mais calmo e relaxante. Se o frenesim de alguns momentos do anterior “Anno Domini High Definition” levava a música progressiva a um nível diferente, este novo álbum oferece uma gama de sonoridades mais lentas e bonitas. Uma ‘New Generation Slave’ a abrir revela uma quantia q.b. de experimentalismo nos efeitos vocais e nos contrastes que parecem antever uma entrada algo violenta ou «Floydesca»: Falso alarme. ‘The Depth Of Self-Delusion’ segue-se como uma faixa extremamente encantadora e apelativa para um público que procura nuances de easy-listening. Como se de binário se tratasse, os Riverside reservaram-nos para “Shrine Of New Generation Slaves” uma brincadeira engraçada – as faixas definem-se como o oposto da seguinte até ‘Deprived (Irretrievably Lost Imagination)’, onde a banda começa a misturar o «baladismo» com a veia mais progrock. Mas esta brincadeira não é daquelas com graça, mas sim daquelas bem sérias. ‘Celebrity Touch’ faz brilhar o amor da banda pelas suas influências do rock clássico dos anos 70, com uma camada excelente de Michał Łapaj nos teclados. Já ‘Escalator Shrine’ oferece nos seus quase treze minutos uma síntese deste quinto álbum que nos conta, de acordo o próprio Mariusz Duda, sobre um novo tipo de escravidão que envolve a infelicidade dos que nos rodeiam, da forma como se odeia o emprego que se tem, de como o tempo voa.

E se ainda há pouco tempo estes Riverside eram uma promessa no seu país, então realmente o tempo voou para nos confirmar que não há muitas bandas do género acima dos próprios.